quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Na praia...

Voltei. Valeu mesmo pelos comentários, fiquei feliz que vocês tenham gostado desses textos já há tanto tempo engavetados. Aqui vai mais um (tá cortado porque tinha partes, digamos, inapropriadas). Tenho uma historinha completa, que depois vou ver se posto aqui para vocês.

Muito obrigada mesmo pelo carinho, viu?
beijocas

Ela tinha acordado com o pé esquerdo naquele dia. Desde o primeiro minuto em que ela tinha aberto os olhos para perceber que o despertador estava quebrado e que ela estava duas horas atrasada para o trabalho, o dia havia sido uma seqüência de erros. Quando ela imaginou que nada mais podia dar errado, estava errada. Seu pneu furou perto da praia.

"Ótimo, era tudo o que eu precisava", ela rosnou para si mesma olhando para o carro. Ela chutou o pneu com raiva, o que serviu apenas para levá-la ao limite, já que, em vez de causar algum dano ao pneu, ela o tinha feito com seu pé. Ela emitiu algumas palavras que sua mãe ficaria horrorizada de ver saindo dos lábios de sua garotinha e quase pulou quando ouviu uma voz suave vindo de trás dela.

"Uma mulher tão bonita e palavras tão feias, não é a melhor das combinações." Ela se virou e suas pernas bambearam assim que seus olhos pousaram no belíssimo homem parado a poucos metros dela. Uma mulher poderia certamente se afogar naquelas poças de chocolate que ele tinha no lugar dos olhos. Nos lábios sensuais, um sorriso ameaçava aparecer, e aquilo teve o poder de tirá-la do "transe".

"Ótimo, era tudo que eu precisava, um espertinho pra gozar com a minha cara."
"Ei, não estou aqui para me divertir às suas custas, longe disso. Só achei que você poderia precisar de ajuda para trocar o pneu."
"Bem, eu não preciso de sua ajuda, não preciso da ajuda de ninguém."

E assim aconteceu. Ali, na frente daquele estranho, os acontecimentos do dia finalmente surtiram efeito e o choro foi inevitável. Tudo começou com um leve fungar, que logo evoluiu para altos soluços e um rio de lágrimas. Antes que ela pudesse se dar conta, sentiu os braços fortes do estranho envolvendo-a. E a sensação foi ótima, ela sentiu como se tivesse chegado em casa.

"Opa! Calma. Olha, vamos descer para a areia, a noite está linda e o mar sempre teve um efeito calmante para mim, talvez funcione para você também."

Ela apenas assentiu e eles seguiram para a areia, com ele ainda a segurando firme junto ao peito. De repente, pensamentos apavorantes passaram pela cabeça dela. E se ele fosse um assassino ou um estuprador? Não, não era possível, ela sempre havia sido boa na leitura dos olhos das pessoas e os olhos dele transmitiam muita doçura. Eles chegaram à beira e tiraram os sapatos para molhar os pés, a água estava morna e ela caminhou para dentro do mar, sem se importar com as roupas encharcadas.

Ele simplesmente sentou-se na areia e ficou observando espantado a mulher entrar no mar, independentemente de estar vestindo roupas caras ou que o cabelo preso em um coque fosse ficar horrível depois de molhado. Ela era tão diferente das mulheres com as quais ele estava acostumado. Ela parecia não se importar.

Ela passou praticamente dez minutos na água, brincando com as ondas. Quando finalmente saiu da água, ela se jogou na areia ao lado dele, encarando o céu com atenção.

"Você notou como a noite está linda? Nenhuma nuvem sequer, apenas as estrelas" ela suspirou. "Beije-me," ela pediu, em um tom tão baixo de voz que ele achou que estivesse sonhando.
"O quê?" ele perguntou, ainda não acreditando.
"Beije-me," ela repetiu, mas dessa vez os olhos dela estavam fixos nos dele. Sem precisar de um terceiro convite, ele fez o que ela pedia e deixou que seus lábios pousassem sobre os dela.

(...)

Ele estava deitado sobre ela quando, de repente, uma grande gargalhada sacudiu seu corpo.
"O que é tão engraçado?"
"Você já parou pra pensar que alguém pode pegar a gente aqui?"
"Ninguém vai pegar a gente aqui, é a nossa praia particular, querido, não esqueça"
"Eu sei, mas minha mãe pode ver os carros pela janela e descer para ver se estamos bem."
"Ela não fará isso, ela não deixaria as meninas sozinhas" ela disse, beijando a ponta do nariz dele.
"Nós somos loucos, você sabia disso?"
"Sim, loucos um pelo outro"
"Quer terminar isso na cama?" ele perguntou piscando.
"Sim, chega de aventuras adolescentes por essa noite, vamos voltar a ser apenas o velho e bom casal casado."
"Feliz aniversário de casamento, meu amor, eu te amo"
"Feliz aniversário querido, e eu te amos mais"

E assim, de mãos dadas e com sorrisos cúmplices, o Sr. e a Sra. Donaldson foram para casa.

A manhã seguinte chegou e os encontrou dormindo pesadamente, já que tinham passado a noite em claro, mas o descanso não demorou a ser interrompido, já que era domingo e as meninas queriam brincar. Luísa e Letícia, as gêmeas de cabelos pretos e olhos azuis que eram o centro do universo deles há cinco anos.

"Sim, o bom e velho casal casado, é isso que somos," ele gargalhou, enquanto levantava e seguia para o chuveiro.