domingo, 18 de março de 2007

Filosofia de ônibus...

Sexta-feira de manhã, Rio de Janeiro ensolarado e eu tendo que ir trabalhar depois de olhar o mar da minha janela e refrear a urgência de largar tudo e morgar na praia sob o sol.

Arrumadinha e cheirosinha, vou eu para o ponto de ônibus esperar o dito cujo - isso me lembra que preciso deixar urgentemente de ser preguiçosa e voltar a caminhar para o trabalho, além de me ajudar a manter a forma, me ajuda a ter uns trocados a mais no fim do mês.

Pois bem, o dito chega e lá vou eu para a minha "dura" jornada de 15 minutos (fim da ironia hehehe). Como sempre, procuro um cantinho sozinha, não gosto muito de sentar com alguém - a não ser que eu esteja viajando com alguém ou que não haja assentos livres.

Pois bem, havia um assento livre e lá fui eu. Como de lei, havia algo escrito no banco da frente e eu não podia ter ficado mais surpresa com o conteúdo (e grafia) da mensagem. Quem anda de ônibus pelo Rio de Janeiro tá cansado de saber que abundam as mensagens pornográficas e de apologia às facções criminosas da cidade. Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com a seguinte frase: "Conheça seus direitos, exija-os. Evite assistir TV demais, Leia mais."

Pois é, eu fiquei surpresa e felicíssima, pois o analfabetismo funcional é algo que (me) irrita. Não sei se é porque lido diaria e diretamente com a Língua Portuguesa que me sinto afrontada e triste com os constantes assassinatos dos quais a última flor do lácio tem sido vítima constante.

A infinidade de mutilações de palavras é algo que me apavora, sinceramente. A quantidade de "internetês" está ultrapassando a barreira do insuportável e indo por um caminho que sinceramente não sei se terá volta.

Não posso evitar de sentir engulhos toda vez que me deparo com um "voçê" ou um "conheçer" (isso só pra citar alguns exemplos mais marcantes, fora os "miguxa", "axxim" e por aí vai...). E esse tipo de coisa não é privilégio da classe mais baixa da sociedade que depende do ensino público, isso acontece com adolescentes de classe média que estudam em (boas) escolas particulares. Meus primos, de 17 e 14 são exemplos vivos disso. Os perfis deles no Orkut não me deixam mentir:

"Quem me conheçe sabe como sou e quem sou eu, e vc que nao me conheçe, aposto que vai adorar me conheçer"

" CHUCK NORRIS teve animais de extimação, mas um dia um deles rosnou para CHUCK..."

Sabe o que é isso? Falta de leitura e exercícios. Quando eu estava na escola, tínhamos ditados e redações, tínhamos que ler 4 livros por ano (1 por bimestre) e fazíamos provas sobre esses livros. Hoje em dia, pra que ler os livros se os resumos estão à disposição na internet? É tão mais fácil, não é mesmo, buscar os resumos e fazer as provas com base neles... É, é muito triste mesmo, mas aquele recado no ônibus me deu um fiozinho de esperança de que há a possibilidade de mudança, basta querer e acreditar.